Explosão em fábrica do PR: polícia descarta crime, mas aponta problemas na gestão de segurança
09/10/2025
(Foto: Reprodução) Polícia concluí inquérito da explosão em fábrica que matou 9 pessoas
O inquérito que investigou as causas da explosão na empresa Enaex Brasil, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, foi concluído pela Polícia Civil (PC-PR) nesta quinta-feira (9). O acidente aconteceu no dia 12 de agosto, deixou nove mortos e sete feridos. Relembre abaixo.
Segundo a polícia, não foram identificados indícios de crime doloso (com intenção) nem culposo (por negligência, imprudência ou imperícia). A investigação, porém, apontou falhas sistêmicas na gestão de riscos da empresa, que podem ter contribuído para o acidente.
"A gente conseguiu apontar algumas falhas na estrutura, no processo e em algumas violações de procedimento de segurança. Mas a gente não conseguiu apontar uma pessoa que tenha sido a causadora dessa explosão", explicou a delegada Gessica Andrade, responsável pelo inquérito.
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O g1 entrou em contato com a Enaex Brasil, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.
A delegada informou também que a investigação envolveu a coleta de depoimentos, a análise de imagens de monitoramento, a avaliação do relatório técnico da empresa e do laudo pericial oficial que apurou as causas da explosão. Também foram examinadas mensagens de conversas corporativas e e-mails institucionais dos funcionários.
A apuração também considerou denúncias feitas por funcionários em uma plataforma interna da empresa, além de relatórios de acidentes e incidentes anteriores.
Relembre: Como o frio pode causar uma explosão mortal, como a que aconteceu em fábrica
Os documentos mostraram que a unidade 44, onde aconteceu a explosão, operava com equipamentos antigos e corroídos, e que havia dificuldade recorrente no controle térmico da mistura explosiva.
Imagens internas da empresa Enaex
Reprodução
Depoimentos de trabalhadores ainda indicaram o uso de soluções paliativas e improvisadas.
“Relatos de trabalhadores e documentos internos revelam um processo de trabalho que beira o rudimentar, altamente dependente da ação humana e de ajustes improvisados quando comparado até mesmo a outras áreas da própria empresa”, afirma a delegada.
Com base nas provas reunidas, o inquérito concluiu que não houve conduta dolosa ou culposa por parte dos funcionários da Enaex Brasil em relação às mortes. Como a lei penal não permite responsabilizar criminalmente pessoas jurídicas por homicídio, a empresa não poderá responder nessa esfera.
No entanto, a polícia destacou que pode haver responsabilização nas áreas trabalhista, cível e administrativa.
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Laudo pericial
De acordo com o laudo elaborado pela Polícia Científica (PCI-PR), o epicentro da explosão foi no interior do Edifício 44, conhecido como “Carregamento de Cargas Especiais”, onde era produzido o booster — um impulsionador com maior intensidade formado pela mistura de pentolite, substância composta de nitropenta e trinitrotolueno (TNT).
As análises periciais indicam que o acidente provavelmente foi causado pelo atrito entre as pás do misturador e o pentolite parcialmente solidificado devido às baixas temperaturas registradas naquela manhã.
O frio intenso, somado à falha na estabilização térmica e a um ajuste de torque excessivo do equipamento, teria permitido o contato mecânico entre o material e as pás, gerando energia suficiente para iniciar a detonação.
Imagens internas da empresa Enaex
Corpo de Bombeiros
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Vítimas de explosão em fábrica de explosivos no Paraná.
Redes Sociais
A explosão aconteceu por volta das 5h50 da manhã do dia 12 de agosto, em uma área de 25 metros quadrados que armazena material explosivo produzido pela fábrica. No momento do acidente, os materiais estavam sendo preparados para transporte, segundo a investigação.
Como a empresa funciona 24 horas por dia, as vítimas estavam trabalhando no momento do acidente.
De acordo com a empresa, nove pessoas morreram e sete ficaram feridas. As vítimas que morreram na explosão eram todas funcionárias da empresa. São elas:
Camila de Almeida Pinheiro;
Cleberson Arruda Correa;
Eduardo Silveira de Paula;
Francieli Gonçalves de Oliveira;
Jessica Aparecida Alves Pires;
Marcio Nascimento de Andrade;
Pablo Correa dos Santos;
Roberto dos Santos Kuhnen
e Simeão Pires Machado.
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